Dia Nacional do Luto: Psiquiatra explica como diferenciar o luto da depressão

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Entender as fases do luto e buscar a ajuda necessária é essencial para lidar com o processo de perda

Não existe um manual de instruções de como lidar com a perda de um ente querido. O luto é um processo e não um momento, e precisa ser vivido em todas as suas etapas. O Dia Nacional do Luto, 19/06, foi criado para levar a sociedade a refletir sobre a importância do apoio a quem perde um amigo ou familiar. No meio de todo o carrossel de emoções é importante saber diferenciar o que é um processo natural, uma reação do que se está vivendo, de uma doença como a depressão.

Para isso é preciso identificar as fases do processo do luto, lembrando que a duração do luto, assim como sua intensidade variam de pessoa para pessoa. “Não existe um padrão. É preciso levar em conta o contexto da morte e as características do enlutado. Dar tempo e espaço para que as emoções sejam manifestadas é essencial, pois retrair sentimentos pode levar a uma reação patológica. A dor da perda precisa ser sentida”, destaca a psiquiatra Daniele Boulhosa.

Segundo a psiquiatra são cinco as fases do luto: a negação, a raiva, a barganha, a depressão e a aceitação. “Inicialmente temos a negação, é aquele primeiro impacto, o momento que procura-se evitar o problema, o que causa uma grande desordem. Depois vem a raiva, onde o enlutado já consegue colocar pra fora algum sentimento, já consegue falar sobre o assunto, diferente da negação onde não se aceita que aquilo aconteceu. Já na barganha é como se fosse uma negociação, uma troca, onde lembramos o que era importante para a pessoa que se foi e o que ela representava em nossa vida, o que acaba tirando a pessoa do estágio de raiva”, explica Daniele.

“O estágio da depressão não está relacionado à patologia em si, mas em relação à tristeza, de olhar para o problema e quer que aquilo não vai mudar. Esse estágio antecede o da aceitação pois o enlutado já começa a tentar seguir sua vida mesmo sabendo que tudo aquilo aconteceu e não irá mudar”, acrescenta a especialista.

De acordo com Daniele, esses estágios não precisam acontecer de forma linear, podendo aparecer em momentos diferentes. “Algumas pessoas podem começar a se sentir melhor em semanas ou meses, enquanto outras podem levar anos para encontrar a aceitação e a paz necessárias para seguir em frente. É normal que a pessoa oscile entre diferentes emoções e fases ao longo do tempo. O essencial é permitir-se vivenciar em seu próprio ritmo e buscar apoio quando necessário”.

Como identificar os sinais que indicam ajuda profissional?

O luto envolve não só a perda de pessoas, mas o fim de um relacionamento, a perda de um emprego, mudanças na saúde física ou mental e outras transições importantes na vida. Existem casos que o luto pode evoluir para uma depressão e isso depende de como esse processo está impactando sua vida. “A pessoa não consegue mais trabalhar, estudar ou fazer qualquer outra tarefa. Vai abrindo mão de coisas prazerosas que costumava fazer antes, e esse é o momento de procurar ajuda profissional”, finaliza Daniele.