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Por Carlos Boução – Assessoria AID – Comunicação Social – ALEPA
O corpo do médico e ex-deputado estadual Haroldo Martins, falecido na última terça-feira (06), no Hospital Bandeirantes, na capital paulista, foi velado desde as duas horas da manhã desta quinta-feira (08), no hall de entrada da Assembleia Legislativa, no Palácio Cabanagem. Mais de duzentas pessoas acompanharam rotativamente, a partir das 8 horas, o velório. A despedida teve ainda dois momentos religiosos: o primeiro por volta do meio dia. O outro foi às 15 horas, com a celebração das exéquias, iniciando o cortejo fúnebre até o Memorial Parque das Palmeiras, onde o corpo do ex-deputado foi cremado.
Haroldo Martins estava internado desde o dia 29 de julho com suspeita de encefalite, que é uma inflamação nas membranas do cérebro. Depois os médicos diagnosticaram que ele tinha um tumor de paratireoide, que altera o cálcio no organismo e gerou um quadro cerebral com características graves, necessitando de cirurgia. “A causa do óbito foi o tumor de paratireoide, e no pós-operatório ele fez uma pneumonia. Aí não resistiu”, informou a deputada Heloísa Guimarães, médica e amiga do ex-deputado, afiliada ao Democratas, mesmo partido ao qual Haroldo Martins pertencia.
Estiveram presentes ao velório os atuais deputados Eliel Faustino (DEM), Raimundo Santos (PATRI), Wanderlan (MDB), Carlos Bordalo (PT); os ex-deputados estaduais Márcio Miranda – ex-presidente da ALEPA, José Megale, Adenauer Goes, Luiz Seffer, Tetê, Nadir Neves, Cezar Colares (Conselheiro do TCM), Lourdes Lima (TCE) e Rosa Hage (TCE). O ex-senador Flexa Ribeiro, e ainda o ex-governador, Simão Jatene, e a ex-governadora e senadora da República, Ana Júlia Carepa, também marcaram presença.
“O Haroldo tinha uma característica muito importante: ele dialogava com todo mundo, independente de partido político. Era uma pessoa muito boa e por ser médico ajudava muita gente”, destacou Carepa, que foi vereadora na Câmara Municipal de Belém em 1992, junto com ele. “Lamento porque sempre foi uma pessoa que trabalhou muito para o bem do povo, como médico ajudou a salvar muitas vidas e acabou falecendo tão jovem, aos 67 anos”, completou.
Para o deputado Márcio Miranda, médico e ex-presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Pará durante o último mandato dos cinco exercidos por Haroldo Martins, a perda foi irreparável. “Haroldo fez um uma opção em vida de cuidar de gente, se formou em Medicina, e no entanto, nunca esqueceu de suas raízes. Esteve sempre presente em Cametá e no distrito de Curuçambaba”, expressou Miranda. Para ele, a vida toda do ex-deputado era dedicado à profissão em Belém e ao mandato legislativo. “Mas sempre com um pé e o pensamento ali, no interior. Era um homem simples e ajudava a todos, principalmente os oriundos da região Tocantina.
Para o presidente do Poder Legislativo, deputado Dr. Daniel Santos, apesar de não ter legislado no mesmo período em que Martins esteve na Casa Legislativa, a história do ex-deputado permanecerá viva na mente de seus familiares, pacientes, amigos e eleitores. “O trabalho que ele exerceu na medicina e neste Poder Legislativo por cinco mandatos consecutivos será lembrado por aqueles que sabiam da sua intensa abnegação, empenho e dedicação à causa do outro”, disse Santos, externando solidariedade à família e aos amigos.
O ex-parlamentar Haroldo Martins e Silva era casado com Maria Augusta Martins (64), bancária aposentada, e tinha dois filhos, ambos médicos: Barbara Augusta Martins (34) e Haroldo Martins Silva Júnior (28). Nasceu no distrito de Curuçambaba, município de Cametá, em 20 de maio de 1952.
“Meu pai veio para Belém aos 20 anos com a quinta série cursada, serviu a Marinha em pleno regime militar – referindo-se ao período iniciado em 1964 e encerrado em 1985 – serviu a Marinha por volta de dois anos, foi peão lá. Em um ano fez supletivo, concluindo o fundamental e o médio, em seguida passou em primeiro lugar em Direito na UFPA, cumpriu toda a carga horária do curso e não fez o TCC, abandonou o Direito no último ano. Depois passou de primeira em Medicina na UFPA”, detalhou o filho mais novo, Haroldo Junior, que também é cirurgião. Ele relatou que o pai, quando ainda era estudante de Direito, passou em dez concursos públicos. “Foi bancário concursado do Banpará, ele precisou inclusive fazer concurso interno no banco para trabalhar à noite no fechamento do dia, para poder estudar de manhã e de tarde na Medicina”, contou das histórias que ouvia do pai, que se formou, enfim, aos 36 anos em Medicina, ‘demonstrando muita força de vontade’.
Haroldo Martins era médico ginecologista e obstetrícia. Sua trajetória política iniciou na capital paraense, sendo vereador por dois mandatos, pelo partido PMDB, atual MDB. A partir de 1999 ocupou uma vaga de deputado estadual na ALEPA por cinco mandatos seguidos, interrompidos em 2018. De 2007 a 2008, foi o 3º secretário da Mesa Diretora da Alepa, fez parte do G-8, grupo suprapartidário lançado na Alepa. No pleito de 2018, se candidatou e obteve 22.280 dos votos totalizados (0,55% dos votos validos), não se elegendo a uma das 41 cadeiras do parlamento estadual.
O filho avalia ainda que Haroldo Martins era muito disciplinado, esforçado e muito dedicado ao que fazia. “Ele tinha uma ética de trabalho absurda de domingo a domingo e nunca gostou de holofotes, era simples e procurava cuidar de todos que lhe procuravam”, disse. Emocionado, falou ainda que não tinha como expressar o que estava sentindo, mas que tinha orgulho do legado construído pelo pai. “Não tenho como falar do convívio diário que vou perder, sou médico, cirurgião, eu sempre me preocupei em orgulhar o meu pai porque eu reconheço que eu nasci em uma condição bem diferente de quando ele começou”, expressou.