Foto: Ádrio Denner
Por Agência Santarém
Santarém é uma terra de oportunidades. A afirmação está se consolidando com o bom momento que a economia local vive. A presença de novos empreendimentos já fixados e a perspectiva de novos segmentos diversos dão novo ânimo. Especialistas afirmam que a fase de ciclos ficou no passado. O município experimenta, agora, um novo tempo, com a presença de empresas de alta credibilidade, com o desejo de expandir sua área de atuação. As oportunidades se traduzem na geração de empregos, renda e dividendos ao município, com a expectativa de quase R$ 300 milhões em investimentos nos próximos anos.
De acordo com dados da Fundação Amazônia Paraense de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), Santarém é a 7ª economia do estado; a 1ª no ranking regional; participa com 3,04% na economia do Pará e contribui com 43,27% em sua região de integração – o Baixo Amazonas.
Fatores geográficos tornam o município uma alternativa viável para investimentos, um deles é sua localização privilegiada, considerada a melhor alternativa de entrada e saída do país, para a Europa, América do Norte e Ásia (via canal do Panamá). Essa localização, associada também a importância dos modais rodo e hidroviário fazem com que o município apresente todas as condições para a instalação de novos negócios.
Desburocratizar para investir
Desde o início da atual gestão houve mudança no sentido de receber esses investimentos. O secretário de Planejamento, Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Tecnologia, Ruy Corrêa, aponta que a desburocratização é um dos principais fatores, senão o principal, para este novo momento.
“A posição do governo, desde o início, é retomar os investimentos, entendendo que Santarém é um município que tem uma posição estratégica no escoamento da produção do agronegócio do Centro-Oeste brasileiro. Temos uma infraestrutura portuária que nos permite receber navios de grande capacidade. E o que nós fizemos desde o início e é uma política do governo é procurar atender de uma forma desburocratizada aquelas empresas que estão nos procurando para se instalar no município. Então, o governo atua sem abrir mão do critério de avaliação em relação aos licenciamentos ambientais e outros necessários pela legislação para que uma empresa possa atuar no município, sem qualquer tipo de prejuízo, ampliando a gama de investimentos instalados.”, explica Ruy Corrêa.
O bom momento da economia, não apenas com a retomada de investimentos, mas, também, com geração de empregos, em uma clara evolução comprovada por números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), mostra que o empreendedor voltou a acreditar no potencial que o município apresenta, segundo o prefeito Nélio Aguiar.
“As pessoas estão acreditando em Santarém, voltaram a investir em nosso município, tanto o empresário local, como empreendedores de outros estados e de outros países. Eles estão vindo, apostando no município, trazendo recursos, gerando emprego, renda e melhorando a nossa arrecadação própria, principalmente o ISS, nos ajudando a ultrapassar ano passado a barreira dos R$ 3 milhões”, pondera Nélio.
Segundo o gestor, um dos pontos fundamentais para a atração de investimentos é fazer com que a gestão não seja uma barreira. Para Nélio Aguiar, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), responsável por licenciar determinados tipos de empreendimentos, não é mais avaliada como entrave.
“Temos trabalhado muito com a secretária Vânia, ressaltando a importância do licenciamento ambiental. O licenciamento não existe para travar a economia, pelo contrário. Temos uma boa legislação e há varias atividades classificadas como de menor ou maior risco, que precisam ter todo o cuidado na análise, que está sendo feita. O que não pode é dificultar o andamento dos processos. É preciso ter certa celeridade nessa análise, de forma correta, para que o investimento aconteça”, analisa.
Momento é favorável, principalmente no eixo logístico
Grandes empresas vislumbram todo o potencial de Santarém. Para os próximos anos, a economia do município deve receber uma injeção de aproximadamente R$ 300 milhões. São segmentos variados, desde o transporte e distribuição de combustíveis à rede atacadista de supermercados.
Para a coordenadora do Grupo de Gestão Integrada para o Desenvolvimento Regional Sustentável, Rosemary Fonseca, o município vive hoje um cenário econômico altamente favorável, principalmente no eixo logístico, com oportunidade de geração de negócios em diversos setores.
“No GGI especial alusivo ao aniversário de Santarém procuramos trazer empresas com interesse em investir em Santarém ou na região, assim como projetos de curto e médio prazo. Os projetos apresentados por empresas nos setores de agronegócio, logística, indústria naval, serviços, comércio e turismo geraram um valor de investimentos na ordem de aproximadamente R$ 300 milhões, com geração de 700 empregos diretos. Para se ter uma ideia, empresas no setor de combustível terão cronograma de quatro anos para construção de terminais. Outros fatores que vem contribuindo com atração de investidores é a expectativa da conclusão da BR 163, anunciada pelo Ministério da Infraestrutura, além da regulamentação da área portuária II; implantação do Distrito Industrial; operação de modais de fundeio; de cabotagem [contêineres]; ampliação da poligonal do porto público; crescimento do turismo regional, nacional e internacional e dos investimentos públicos, oportunizando um cenário promissor para geração de grandes negócios para Santarém e região”, argumenta.
Bons exemplos não faltam, começando pela Raízen. A gigante brasileira com presença nos setores de produção de açúcar e etanol, transporte e distribuição de combustíveis e geração de bioeletricidade, projeta movimentar para os próximos cinco anos mais de 700 milhões de litros de combustíveis, a partir do arrendamento de uma segunda área do porto público da CDP. Serão, aproximadamente, R$ 175 milhões, de investimentos e expectativa de geração entre 300 a 400 empregos diretos e 50 indiretos.
A Louis Dreyfus Company (LDC) é uma companhia que está apoiada sobre uma sólida base de ativos, atuando na originação e produção; processamento e refino; armazenamento e transporte; pesquisa e comércio e customização e distribuição de produtos agrícolas. Está entre as dez maiores exportadoras do país e presente em mais de 10 estados. Em Santarém, o volume previsto de exportação de soja e milho, além da importação de fertilizantes deve chegar a dois milhões de toneladas. A empresa planeja investir R$ 84 milhões e empregar cerca de 180 colaboradores diretos, além de contratados de empresas terceirizadas.
O município, também, recebe investimentos na área de supermercados, especificamente quando o assunto é vendas por atacado. A rede Avante, instalada desde 2016, em Santarém, está expandindo sua estrutura com filiais instaladas fora da área central. A expansão está orçada em aproximadamente R$ 28 milhões, com geração de 180 empregos diretos.
Ainda na área de logística, a novidade é a Behidro, pertencente a Transportes Bertolini. O investimento é de aproximadamente R$ 10 milhões, com 100 empregos diretos. A empresa tem sede estrategicamente localizada em Santarém e conta com uma estrutura completa de serviços de reparação naval.
As instalações são compostas por oficinas flutuantes, totalmente equipadas, elevadores de popa, diques flutuantes, elevadores hidráulicos e carreira.
“O nosso investimento é em função da demanda de tráfego hidroviário e seu crescimento – com transporte de grãos e a própria navegação, sendo utilizada por grandes empresas como Cargill, LDC e outras que aproveitaram essa via para fazer o transporte. Então, como qualquer veículo, as embarcações têm a necessidade de passar por manutenção. Tanto as barcaças, quanto os empurradores exigem manutenções corretivas e preventivas. Foi pensando nisso, em função desse grande fluxo, que foi criada a Behidro. A princípio, a criação da empresa foi para atender as demandas da Bertolini e hoje nós atendemos clientes externos como a LDC e Cargill. Essa foi a ideia e está sendo desenvolvida de forma satisfatória e para o município gera outros fornecedores, na questão de fornecimento de aço, parafusos, parte hidráulica então já começou o crescimento de algumas oficinas para nos atender.”, explica o gerente geral da Behidro, Richard Vedovelli.