Foto: Cris Faga/Estadão Conteúdo
Por G1
O principal índice da bolsa de valores brasileira, a B3, fechou em alta nesta sexta-feira (28), após duas fortes quedas na semana, em meio à continuidade dos temores sobre a expansão do novo coronavírus e os seus impactos na economia global. Já o dólar engatou a oitava sessão de alta seguida, fechando a semana a R$ 4,48.
O Ibovespa subiu 1,15%, a 104.171 pontos. Veja mais cotações. No dia anterior, a bolsa caiu 2,59%, a 102.983 pontos, após ter despencado 7% na quarta-feira (26). Na semana, o Ibovespa acumulou queda de 8,37% e, no mês, registrou perdas de 8,43%.
Durante essa sexta, o índice chegou a ter perdas de mais de 2% e só reverteu direção no final da tarde, após o presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos), Jerome Powell, afirmar que a economia dos EUA permanece em condição sólida, embora o surto de coronavírus represente um risco, e que o banco central agirá como apropriado para fornecer apoio.
O avanço da epidemia do novo coronavírus pelo mundo tem provocado abalos nos mercados globais e elevado as preocupações de investidores e governos sobre o impacto da propagação do vírus nas cadeias globais de suprimentos, nos lucros das empresas e na desaceleração do crescimento da economia global.
Embora o maior número de casos confirmados e os principais impactos ainda estejam concentrados na China, o coronavírus já se espalhou por mais de 40 países de todos os continentes, provocando o fechamento de fábricas, interrupção de produção, fechamento do comércio e a paralisação de atividades também em países como Coreia do Sul, Japão e Itália.
No exterior, o mercado de ações da Europa registrou a pior semana desde 2008 e perdeu US$1,5 trilhão com medo do coronavírus. Na China, os índices acionários encerraram o pior mês desde maio do ano passado, com os temores sobre o surto de coronavírus se tornar uma pandemia.
Impacto local
O secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, afirmou nesta sexta-feira à GloboNews que o coronavírus deverá levar à revisão na estimativa de Produto Interno Brasileiro (PIB).
A secretaria comandada por Sachsida é responsável por fixar as projeções oficiais do governo para a economia e chegou a anunciar em janeiro deste ano um aumento na previsão de crescimento, alterando a expectativa de 2,32% para 2,40%. Segundo o secretário, a nova revisão do número deve ser anunciada até o fim da semana que vem.
Na quinta, o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, reconheceu que o avanço do coronavírus pode ter impacto no crescimento mundial e “afetar todo mundo, inclusive o Brasil”. Ele acrescentou que a Secretaria de Política Econômica (SPE) deverá rodar em breve uma nova projeção para o crescimento da economia em 2020.
“Está assustando todo mundo pois pode ter impacto muito forte no desaquecimento da economia mundial, isso impacta a exportação de todo mundo. Tem desorganização de cadeias produtivas, organizadas em países asiáticos. É um fenômeno que está todo mundo se debruçando agora. O risco é no preço de commodities e em um crescimento menor do mundo. A gente tem de estar preparado e lidar com a situação”, afirmou.
Na quinta, bancos dos EUA chegaram a cortar, pela segunda vez, as suas projeções de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2020. Dessa vez, as previsões ficaram abaixo de 2%. O Bank of America Merrill Lynch cortou de 2,2% para 1,9% sua expectativa, enquanto o JP Morgan diminuiu de 1,9% para 1,8%.