Foto: Reprodução
Parei o carro para abastecer. Na frente à loja de conveniências, veículos lotavam o estacionamento, gente bebendo, a todos bebendo. Jovens, não tão jovens, música alta saia de cada um dos carros, barulho de mal gosto na verdade.
Pelos veículos se via que eram pessoas com rendimentos modestos.
Mas na porta da loja dois meninos, um de dez e outro de oito, irmãos.
Eu já havia visto eles varias vezes ali. Já éramos amigos.
As pessoas saiam e entravam na loja, de 20, 1 dava alguma coisa a eles.
Fiquei por minutos olhando, vendo ao redor
Estavam Invisíveis?
Ou os demais estavam insensíveis?
Estavam invisíveis porque quase todos estavam insensíveis.
Assim segue a vida, cada qual mais preocupado em comprar as suas cervejas que olhar ao lado.
Cada qual mais preocupado com suas vidas que com as alheias.
Mesmo que essas sejam de meninos, pobres, pedindo, sofrendo.
Pedros, os dois. Pedro Filho o mais velho e Pedro Augusto o mais novo.
Cabelos claros, um com uma ferida feia no braço,
Às vezes comemos juntos, um gosta de café, eu só dou leite porque digo que café faz mal.
O outro gosta de Coca Cola, eu convenço sempre a tomar guaraná, porque faz menos mal, acho.
Os invisíveis pedem porque ?Pra comprar comida tio!
O pai “faz fogão”, a mãe vende roupas usadas, moram em uma casa de madeira em uma ruela na rodovia do Tapanã.
Estudam.
E sempre estão ali rindo, sendo crianças pela metade. A metade do Ser criança não abandona a metade do Ser pedinte.
Ainda bem.
Mas será mesmo que vão continuar invisíveis sempre?
Deus queira que não.
Por eles.
E pelos insensíveis que os julgam invisíveis.
E assim os insensíveis vão ajudando a criar cada vez mais seres invisíveis.
Marcelo Marques